Sementes de vida, resgate e preservação são plantadas em Pernambuco

Por Maria Eduarda da Silva (Jovem Multiplicadora de Agroecologia do Sítio Pedra Branca, Cumaru)

No período de 21 a 23 de março na cidade de Triunfo – PE, agricultores/as de todo o Estado se reuniram em Triunfo. A Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA-PE), através do Projeto Sementes do Semiárido, realizou o 1° Encontro Estadual de Sementes Crioulas de Pernambuco, com o tema “Sementes crioulas, patrimônio da agricultura familiar”.

O encontro contou com a participação de 120 pessoas de 35 municípios, sendo a grande maioria agricultores/as, de comunidades quilombolas, movimentos sindicais, ASA, Centro Sabiá, Casa da Mulher do Nordeste, jovens da Comissão Territorial de Jovens Multiplicadores de Agroecologia (CTJMA), entre outras organizações. O objetivo de todos é o de fortalecer a conquista e o cuidado das sementes e a importância das mulheres e jovens nessa luta, sem menosprezar os homens, porque as mulheres têm um papel importante nessa luta. E incentivar os agricultores/as a cultivar e repassar sementes crioulas, sempre, assegurando o alimento saudável para todos, especialmente para suas famílias.

Mulheres, sementes crioulas, banco de sementes, agricultura familiar, importância dos jovens, foram os pontos principais para a realização desse encontro. Em uma roda de dialogo foram expostos vários tipos de sementes e discutido de onde cada uma delas vieram, seja de programa de Governo, seja do vizinho, seja do banco de sementes da comunidade.

No 2° dia do evento, as 120 pessoas se dividiram em cinco grupos para participar de oficinas e conhecer importantes experiências de vidas:  a Associação das Mulheres Flor do Campo, que recebeu um banco de sementes; o Banco comunitário de sementes no Sítio Pará;  a experiência de Dona Maria e Seu Zezé que descobriram a agroecologia para fortalecer as sementes crioulas; a experiência do agricultor Antônio Sabino; e a agricultura de base agroecológica no Sitio Carnaubinha do casal Soledade e Alexandre.

Um dos pontos que foi destacado nas experiências foram as dificuldades e conquistas com a participação de todos/as, e o interesse que poucos jovens tem pelas sementes. Precisamos de sementes crioulas, dizer não as transgênicas e ao agrotóxico, multiplicar conhecimentos e espalhar experiências de vida agroecológica, conquistar o espaço da mulher, autonomia e valorização e otimismo em relação à mulher.

As camisas do encontro tinha o slogan: Pela Vida das Mulheres, Pela Vida das Sementes, Pelo Fim da Violência!

O vídeo documentário sobre a importância das sementes crioulas e o papel das mulheres no desenvolvimento da agroecologia, mostrou que a valorização do trabalho da mulher, a geração de renda para a família, pode possibilitar a permanência da juventude no campo, e o melhor com uma alimentação saudável.

O que chamou mais atenção foi o amor, o cuidado com as sementes crioulas, que os agricultores/as têm em suas casas e nos seus bancos de sementes. A mística de encerramento foi linda, arrepios, lagrimas rolaram, com a energia de todos circulando naquele ambiente, o sentimento de guardiões, união e amor entre todos.

Na oficina facilitada pelo repentista Allan Sales, que ensinou os agricultores/as como construir um simples repente. Os participantes gostaram muito da aula, construíram juntos um repente sobre o encontro.  E na última manhã do encontro Allan junto com todos/as escreveu esse, pequeno repente:

Viva o nosso momento
Vamos nós nos alegrar
Para assim continuar
Tendo desenvolvimento
E agora é o momento
Atitudes conscientes
Para nós são permanentes
Tudo que vamos plantando
Como a gente vem falando
O resgate das sementes

Por isso há reunião
Enriquecendo o trabalho
Nós pegamos um atalho
E juntando a união
Fazer a transformação
Trazendo todas as gentes
Incluindo os diferentes
Cadeirante vem chegando
Como agente vem falando
O resgate das sementes.

Autoria: Allan Salles, agricultoras e agricultores de Pernambuco