Juventudes de Pernambuco, reunidas na Serra do Ororubá, território indígena do Povo Xukuru para construção das estratégias de atuação do FOJUPE em 2019.
Por Filipe Antonio do Mirim Brasil, Ferreira Lima, jovem multiplicador da agroecologia, integrante da CJMA e Cordenador do fórum na Zona da Mata, Mônica Ivaneide Silva, integrante da CJMA e Janaina Ferraz (Centro Sabiá)
O Fórum das Juventudes de Pernambuco, composto por jovens rurais, urbanos e periféricos, indígenas e quilombolas, antiproibicionistas, anticapitalistas e população LGBTQI+, articulados nas quatro regiões de desenvolvimento do estado de PE (Agreste, Região Metropolitana, Sertão e Zona da Mata), com representação de mais de 50 organizações juvenis, coletivos, redes, fóruns, grupos e organizações da sociedade civil de apoio a juventude, nasceu em 2010 com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre as condições sociopolíticas da juventude pernambucana, incidir sobre o controle de políticas públicas, proporcionar a formação, a participação política nos espaços de representação, o intercâmbio cultural e a vivência das diversas expressões das juventudes do estado, realizou entre os dias 22 a 24 de março de 2019 a Assembleia Anual do FOJUPE.
Fotos: CJMA
A mesma aconteceu no Território do Povo Xukuru da Serra do Ororubá, localizada na cidade de Pesqueira, região do Agreste Pernambucano, e contou com a participação de cerca de 80 pessoas, representantes de todas as organizações do FOJUPE. Foram três dias de vivências bem intensas e participativas. No primeiro dia o grupo foi recebido com uma bela mística de abertura realizada por jovens Xukurus que contou com uma encantadora roda de toré. Na sequência aconteceu o Carrossel dinâmico com os eixos temáticos para reflexão e debate dos/as jovens envolvendo a reforma da previdência, feminicídio, lgbtfobia, saúde da população juvenil, agroecologia, extermínio da juventude negra e direito à cidade. A Comissão de Jovens Multiplicadoras e Multiplicares da Agroecologia (CJMA) teve a frente do carrossel que debateu as questões relativas a agroecologia. Eles e elas trouxeram as experiências que desenvolvem da Zona da Mata, Agreste e Sertão com a produção e comercialização de produtos agroecológicos, falaram como eles tem se organizado nas comunidades, apresentando um conjunto de ações exitosas que os mesmos fazem no campo do resgate do saber ancestral e da preservação da cultura, como as quadrinhas e grupo de dança afro (na comunidade quilombola). Falaram sobre as tecnologias de convivência com o semiárido e suas ações como multiplicadores desse conhecimento, bancos de sementes e quintais produtivos, dentre tantas outras coisas. E o maior destaque foi que as juventudes reafirmaram que é necessário se manter esse debate e formações sobre os eixos que vem sendo trabalhados pelo FOJUPE, tendo em vista a diversidade de segmentos que compõem o fórum. Foi dito em alto e bom tom, que este foi um excelente exercício e que a partir de agora é preciso pensar as estratégias e criar as condições para manutenção destes debates para dentro e consequentemente para fora.
O encontro contou também com a participação de Alexandre Pires coordenador do Centro Sabiá e da ASA/PE, o advogado indígena Guilherme Araujo (Guila Xukuru) e a Deputada Estadual pela mandata compartilhada das Juntas, Joelma Carla, a primeira membro do Fojupe eleita para um mandato no poder legislativo estadual. Eles e ela contribuíram com uma analise de conjuntura. Alexandre Pires fala “eu avalio que o FOJUPE é um instrumento de mobilização e de articulação muito potente das juventudes de Pernambuco. Vejo como um espaço de fortalecimento das várias frentes, movimentos e processos de mobilização e de organização das juventudes no estado. E no momento político que a gente vive hoje no Brasil, fortalecer o fórum das juventudes é uma estratégia muito importante para o campo político das esquerdas e do campo popular democrático, de modo que esses e essas jovens, na sua diversidade, possa ter o apoio dos demais movimentos e organizações pra se fortalecerem na luta pela democracia e pela liberdade do nosso pais”.
Durante a Assembleia as juventudes presentes puderam fazer a avaliação das ações do fórum do ano passado e planejaram 2019, reafirmando o que deu certo e deve continuar e pensando estratégias de fortalecimento e visibilidade do fórum, neste ano que é ano de conferência e que se apresenta com tantos desafios do ponto de vista dos direitos das populações de forma geral. E como destaca a jovem Lidia Lins, da Região Metropolitana do Recife, “tenho dito sempre que participar do FOJUPE nos fortalece, pois precisamos estar firmes e articulados, reunidos, unidos para fortalecer os nossos laços.. espaços como esse colaboram pra que a gente converse, faça análise, perceba as nossas semelhanças e diferenças e assim a gente consegue se conectar com todos os espaços que está havendo luta e é na luta que a gente se fortalece e consegue seguir em frente até que sejamos todos e todas LIVRES!”.
Faz-se também necessário pontuar a importância política da realização da Assembleia Geral no Território do Povo Xukuru do Ororubá como fator expressivo de renovação da aliança em defesa das nossas pautas e da resistência impávida contra o atual governo que se levanta nutrido de um fundamentalismo preconceituoso que fere de morte nossos princípios fundamentais baseados no respeito aos direitos humanos, na autodeterminação dos povos, no direito ao território e ao estado democrático de direito. Por fim, gostaríamos de ressaltar também a nossa euforia em encontrar antigas e novas amizades nesse espaço mágico de construção política que aquece em nossos corações a apaixonada expectativa que alimenta a nossa mística, nossa confraternização e a nossa caminhada na luta pelo direito de viver das juventudes em um outro mundo possível na qual as diversas expressões juvenis sejam de fato encaradas como pessoas sujeitas de direito e participantes ativas no processo de construção da democracia.
Que bom ter você por aqui…
Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.