19ª Assembleia do Povo Xucuru do Ororubá – Limolaygo Toyope: Em defesa da vida, “Eu sou Xicão”

 

 

Por: Ferreira Lima, jovem multiplicador da agroecologia do município de Catende/PE. Com a colaboração de Janaina Ferraz, assessora das Juventudes do Centro Sabiá

 

 

fotos : CJMA

 

O mês de maio se configura como um mês de luta e resistência do povo Xucuru de Ororubá, pois é o mês de referência para a famosa e tão esperada assembleia do povo Xucuru. Este ano aconteceu entre os dias 17 a 20 de maio, na cidade de Pesqueira, estado de Pernambuco no território indígena do povo Xucuru, Aldeia Pedra d’água. Esta assembleia é famosa porque reúne povos indígenas de diversas etnias e de diferentes estados do Brasil e também estudantes, professores, e uma diversidade de pessoas que defendem a vida e contribuem com a luta dos povos indígenas. A abertura da atividade foi bem rica e emocionante, o Cacique Marcos – filho do Cacique Xicão, fez uma fala de agradecimento pela presença de todos e todas e deu inicio com um toré que encheu o corpo de alegria e os olhos de emoções. Pra mim enquanto jovem camponês foi bem interessante ter participado desta atividade, nela podemos saber e ver de perto a luta diária dos povos indígenas, vimos onde eles chegaram e como ainda é preciso caminhar para não perder estas conquistas. A luta é diária para manter esse território protegido. Foi muito importante saber da história desse povo, como o fato de que quando o Cacique Xicão foi assassinado, seu filho Marcos não pode assumir a liderança da comunidade por conta das ameaças de morte e assim as aldeias ficaram cerca de três anos sem cacique. Posteriormente, com a aprovação dos encantados e dos povos da comunidade, o Cacique Marcos assume seu lugar. Então, pude ver como eles e elas são organizados, lutam diariamente para garantir seu território, para garantir uma educação contextualizada a realidade deles e não a que vem da cidade, que muitas vezes desconstrói a história de resistência dos povos indígenas, lutam pra manter sua tradição e costumes, resgatando constantemente a sua cultura desde as crianças até os mais velhos. Vale destacar que esta assembleia aconteceu com muitas dificuldades devido ao contexto político que o Brasil vem vivendo, e os índios e índias presentes, afirmaram em várias vozes que desde que o atual presidente do país tomou posse, eles e elas vem sofrendo ameaças de redução de direitos e ataques de diversos tipos. A exemplo do acampamento terra livre, que diante do cenário de ameaças e ataques aos territórios indígenas, quase foi desarticulado. No entanto, povos indígenas de todo o Brasil ocuparam Brasília e resistiram, exigindo que o mesmo acontecesse. Assim, no mês de abril o acampamento aconteceu e os índios entram no Planalto e colocaram suas pautas, exigindo seus direitos. E a assembleia culminou uma caminhada que saiu da aldeia Pedra d’água até o terminal rodoviária de pesqueira onde o cacique Xicão foi brutalmente assassinado com vários tiros. Antes disso os povos da comunidade realizam um belo ritual, eles e elas vão ao terreiro onde está “plantado” o corpo do Cacique para receber a bênção e a proteção dos encantados. E por fim, o cacique Marcos, faz uma fala bem forte, reafirmando o compromisso com o povo, especialmente, de não deixar que o que foi conquistado o pelo seu pai morra, ou seja esquecido. E assim, ele grita alto e em bom som “e diga ao povo que avance”… e a multidão responde: “AVANACAREMOS”. E é neste avançar que todos se enchem de alegria e de esperança de dias melhores.   

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