JUVENTUDE E CULTURA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Foto: Dyovany Otaviano da Silva
JUVENTUDE E CULTURA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Por Dyovany Otaviano da Silva, Dyovana Gomes da Silva e Eduardo Nunes Pereira, jovens multiplicadores da agroecologia do município de Cumaru (PE)
Sabe-se que a cultura é a responsável por caracterizar e identificar um povo através dos seus saberes, costumes e vivências. O ato de se fazer cultura tem sido um grande desafio em “tempos normais”, imagina aí o quão difícil e desafiante está sendo fazer cultura no campo e ainda de forma remota durante esse momento de isolamento social. Jovens do Agreste Setentrional de Pernambuco têm sido um exemplo revolucionário de como fazer cultura em plena pandemia.
A experiência de Cultura e Juventude existente na comunidade Riacho de Pedra do município de Cumaru-PE, desde 2004, através da Associação Cultural dos Jovens Rurais têm proporcionado a comunidade uma maior organização e desenvolvimento comunitário. É de praxe nos finais de semana e feriados, os jovens se reunirem para planejar e desenvolver atividades culturais durante todo ano. Porém, com a pandemia do COVID-19, os mesmos tiveram alguns impasses quanto ao cumprimento do calendário cultural da comunidade. Então, como dar continuidade a todo um trabalho sociocultural que vinha sendo realizado em Riacho de Pedra antes da pandemia?
Atualmente sou tesoureiro da Associação Cultural e líder do grupo de jovens que fazem cultura na comunidade, e percebo que, no primeiro momento não se sabia o que fazer, pois tudo era muito novo e não se tinha dimensão do que estava por vim. Quatro dias antes da realização do Festival da Jabuticaba (FESTCABA) teve um decreto estadual proibindo festas e eventos públicos para se evitar aglomeração de pessoas. E até então, se pensava que um mês depois as atividades culturais seriam retornadas, mas não foi o que aconteceu.
Vendo que mais dois eventos da comunidade, a Cavalgada dos Vaqueiros e Vaqueiras de Riacho de Pedra e o São João de Riacho de Pedra que fez 10 anos esse ano tinham sido comprometido, eu e mais oito jovens criamos um grupo de comunicação pelo WhatsApp e partir disso começamos a discutir e propor ações que pudessem manter vivo e ativo esse trabalho cultural liderado e protagonizado por eles/as. Sendo assim, uma das soluções encontrada foi a utilização das redes socais como meio de produção e divulgação de conteúdos inerentes as práticas culturais da comunidade.
Foto: Dyovany Otaviano da Silva
Além das duas páginas do Facebook (Riacho de Pedra Fest e Associação de Riacho de Pedra) que já existiam os jovens criaram um perfil no Instagran, no TikTok Lite e um canal no YouTube com o objetivo de fomentar a cultura local. A partir disso, os jovens vem fazendo publicações de fotos, vídeos e matérias e já realizaram 8 lives culturais. Quero destacar que nós nunca tínhamos realizado uma live, era um mundo novo para gente. Aí um dia resolvemos fazer uma e o número de visualizações nos impressionaram, a gente nunca tinha se atentado a isso, postávamos as fotos e vídeos na nossa página sem ter a pretensão de ter muitas visualizações. Alcançávamos várias pessoas de cidades circunvizinhas e de outros estados. Foi quando decidimos aproveitar isso para fazer mais lives. Surge então, a ideia para convidar artistas da comunidade e do município, artistas estes que estariam com a gente nos eventos de forma presencial para divulgarmos o seu trabalho e a sua biografia. Entendemos que as pessoas, às vezes só conhece a arte e não a biografia do artista. E foi algo inédito no município, porque os artistas faziam as lives cantando, dançando… mais não contavam as histórias de vida que o fizeram chegar até ali. A gente quis deixar isso registrado como uma homenagem e como um material que pode ser utilizado por projetos escolares e entre outros.
Para a jovem Iara Karinny Gomes, as redes sociais têm sido bastante importante, pois estamos conseguindo divulgar os trabalhos feitos na comunidade através dos aplicativos. Nesta perspectiva, a Jovem Letícia Mendes enfatiza “a importância de termos criado um grupo de comunicação no WhatsApp, o qual onde nós discutimos as postagens das redes sociais da nossa comunidade e divulgamos as publicações. O momento em que começamos a enxergar a importância da comunicação interna percebemos o quanto ela impacta positivamente, uma vez que, tem proporcionado visibilidade e potencializado ainda mais o trabalho que a comunidade realiza.
Sendo assim, tem-se visto o quanto à arte e a cultura foram e estão sendo importante para as pessoas durante esta pandemia. Principalmente para a juventude camponesa que tem se apropriado das tecnologias para valorizar, disseminar e fortalecer a cultura local.
Que bom ter você por aqui…
Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.