Agreste de Pernambuco: Um território de aprendizagem

Foto: Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia (CJMA)

Agreste de Pernambuco: Um território de aprendizagem

Por Dyovani Otaviano, Clécio Cleiton e Josilma Bertino, jovens multiplicadores/as da agroecologia

O território do Agreste de Pernambuco tem características de uma região localizada no semiárido brasileiro, na chamada zona de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, geralmente apresenta um índice pluviométrico menor que a Zona da Mata e maior que o Sertão.  Nossa cultura é diversa e impressiona quem vem de fora, a cultura pulsante em cada um que aqui vive com força, coragem e resistência é o mote para vencer as intempéries e cada desafio que nos é dado. Aqui o povo está aprendendo a conviver com a região, desenvolvendo e usando tecnologias sociais adaptadas como as cisternas, os barreiros, as casas de sementes crioulas, os sistemas de reuso de água, valorização das comunidades tradicionais como os quilombolas e as etnias indígenas através do resgate e manutenção de suas culturas originárias.

Na agricultura somos fortes desde a produção de cereais até a de fruticulturas. Nos últimos 20 anos com o trabalho de organizações não governamentais, associações comunitárias e movimentos sociais a forma de se trabalhar no campo vem sendo mudada com a implementação de uma agricultura familiar de base agroecológica a partir de hortas, quintais produtivos e até agroflorestas, as chamadas agriculturas sustentáveis, ou simplesmente agriculturas de base ecológica. Os sistemas agroflorestais vem contribuir para a conservação da nossa biodiversidade e produção de alimentos saudáveis.

A geografia do Agreste pernambucano é diversa com planaltos, serras e depressões, isso torna sua paisagem única e atraente. Imagina um pôr do sol na Serra do Sobrado no município de Jataúba, comer fava orelha de velho no Sítio Encantos da Serra com Josilma Bertino, ou dançar um forrozinho na Serra do Úmari e tomar um licor de jabuticaba no Sítio Pangauá ambos no município de Cumaru. Ou simplesmente comer uma banana na agrofloresta de Clécio em Altinho. Somos um território cheio de tradições culturais e artesanais e que encanta quem o conhece, a exemplo dos festejos juninos, o artesanato como de mestre Vitalino que deu vida ao barro com suas obras, e tantos outros/as artesãos/ãs nesta região que fazem o crochê, o bordado e a renda de renascença.

Foto: Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia (CJMA)

Com toda essa riqueza e diversidade somos forte também no turismo, os agricultores/as nas suas propriedades são verdadeiros talentos por desenvolverem boas práticas na nova agricultura que vem se destacando no território por contribuir com a renda e alimentação dos agricultores, além de contribuir positivamente com o meio ambiente e com o nosso planeta. Também temos como destaque de fortalecimento da agricultura familiar as feiras agroecológicas, as experiências de jovens que estão organizados em coletivo e ultimamente tem avançado na agricultura agroflorestal com pequenos agricultores que vem se destacando por produzir de uma forma tão incrível que imita a natureza. Também têm as tecnologias que os ajudam no manejo desses sistemas como o bioágua e as cisternas de placas, essa nova forma de fazer agricultura tem contribuindo com o desenvolvimento local e com uma alimentação digna, uma vez que, tem proporcionado empregabilidade, geração de renda, soberania e segurança alimentar e qualidade de vida para as famílias que produzem e as que consomem a partir das feiras agroecológicas.

Aprendemos a conhecer o nosso território através de um olhar curioso no qual podemos perceber as riquezas que tem nele, valorizando as tantas práticas exitosas que temos para mostrar e oferecer a outros territórios. Percebemos o quanto ele é rico em conhecimento tornando-o único e diferenciado. Não paramos de buscar novos saberes, pois o conhecimento é infinito e pode nos trazer novos benefícios.

Todo este contexto até agora apresentado caracteriza a identidade do território. Compreendendo identidade como a origem, o começo, a chave base da estrutura de cada território de aprendizagem, com seus conhecimentos, riquezas gastronômicas, artesanais, culturais, belezas naturais e tecnológicas. Diante dessas potencialidades temos hoje o grande desafio em gerir esse conhecimento do território do Agreste de Pernambuco e ofertar por meio de intercâmbios todos os talentos e práticas exitosas que temos aqui, a fim de contribuir apontando possíveis soluções para problemáticas de outras regiões.

Foto: Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia (CJMA)

Por isso, é de extrema importância ter alguém que assume o papel da liderança do território para que exista um processo de mobilização e organização por parte dos gerentes, especialmente, no que concerne a realização das atividades e fortalecimento dessas metodologias de desenvolvimento em comunidades rurais. Trata-se de uma liderança rotativa e compartilhada entre os gerentes, ou seja, cada um em determinado período assume essa função, enquanto os demais estão como tesoureiro, conselheiro e administrativo. Embora cada gerente desempenhe uma função na empresa, existe com relação a tomada de decisões uma cumplicidade e participação de todos, priorizando e construindo o que é melhor para empresa e para o território.

A partir deste contexto, a liderança se faz necessária para construir as parcerias que são essenciais para o andamento e desenvolvimento da empresa. Então, estabelecer parcerias com pessoas, comunidades, associações, instituições e demais organizações são importantes, uma vez que, estes vínculos trarão oportunidades e fortalecimento quanto ao processo de desenvolvimento local.

 

 

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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