Feiras Agroecológicas, o consumo responsável para o enfrentamento das crises

Flávio Duarte,
Agrônomo, agroecologista e assessor de Mercados do Centro Sabiá

Há um tempo, reflexões sobre os impactos e as consequências que o ato de consumir alimentos produz ao meio ambiente, à sociedade e ao planeta vem se fortalecendo. O consumo passou a ter importância e maior responsabilidade política, social e ambiental, tanto do ponto de vista local como global. Como o que consumimos interfere no meio ambiente? Com qual sistema agroalimentar o seu consumo está comprometido? Para onde vai o dinheiro que é gasto nas suas compras? De onde vêm os seus alimentos? Eles são produzidos a partir de que base tecnológica? Perguntas como essas, ajudam a ampliar a consciência de como cada pessoa pode contribuir, a partir de suas escolhas, para a produção de alimentos saudáveis de forma sustentável, amenizando os efeitos das mudanças climáticas e para construir um sistema agroalimentar diferente do agronegócio.

Escolhas responsáveis ajudam a construir um sistema agroalimentar baseado na agroecologia, na agricultura familiar camponesa, no desenvolvimento local solidário e na produção de alimentos livres de veneno, que combata a fome, valorize a vida do campo e crie melhores relações entre campo e cidade. As Feiras Agroecológicas são espaços de diversificação produtiva, de estratégias de agregação de valor, beneficiamento e do cuidar da natureza, através da agroecologia, em harmonia com a ecologia de cada território. Nas feiras podemos encontrar diferentes produtos feitos, principalmente, por mulheres e jovens, além de serem espaços de trocas de conhecimentos, de produtos e de construção de relações solidárias.

As Feiras Agroecológicas se constituem e se ampliam de maneira autônoma, pouca ou nenhuma política pública de apoio vem sendo pensada para fortalecer o processo de produção, de organização e de comercialização. As feiras possuem uma grande capacidade de reprodução e multiplicação para distintas realidades, pode-se ter em todos os municípios, em bairros nas grandes e médias cidades, com centenas de milhares de consumidores a usufruir de alimentos saudáveis, promovendo a economia justa e solidária e a sustentabilidade do planeta.

Por princípios, os preços dos produtos nas Feiras não são mais caros por serem agroecológicos, não variam como os preços dos produtos convencionais. Com essa política de preço justo, as famílias agricultoras se planejam na produção e na obtenção de sua renda e os consumidores os seus gastos e consumo. Como experiência autônoma, de comércio justo e solidário, as feiras agroecológicas são sementes importantes para um sistema agroalimentar mais sadio, solidário, responsável e sustentável.