Reúso de águas cinzas nos Sistemas Agroflorestais para a produção de alimentos e o saneamento rural no Semiárido

Saúde e autonomia que transformam a vida das agricultoras e suas famílias

Rosa Sampaio,
Jornalista do Centro Sabiá

Rivaneide Almeida/Acervo Centro Sabiá

Em 2018, a agricultora Gerlande Romão, da comunidade de Lagoa do Mato, no município de Flores aceitou o novo desafio proposto pelos técnicos do Centro Sabiá, no território do Sertão do Pajeú, experimentar uma tecnologia para aproveitar a água de alguns usos domésticos para a produção de alimentos e de forragens no seu Sistema Agroflorestal (SAF).

Gerlande encarou a construção da caixa de gordura, do filtro e de todo o sistema de Reúso de Águas Cinzas (RAC) junto a equipe técnica da ONG e foi a beneficiada número um do Projeto Terra de Vidas, realizado pelo Centro Sabiá e a ONG Caatinga, no Semiárido pernambucano, com o apoio da Cáritas Alemã.

Até então, já são 510 tecnologias de RAC implementadas no agreste e nos sertões do Pajeú e Araripe, até o final de 2022 serão 550, em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A experiência demonstra que o reúso da água doméstica contribui para o enfrentamento às mudanças do clima e para a produção de alimentos.

Em agosto, o Seminário Saneamento Rural no Semiárido Brasileiro (SAB) realizado pelo Centro Sabiá e o CAATINGA junto às demais organizações da ASA, no Recife, contou com relatos das experiências de tratamento e reutilização da água em diversos estados. O saneamento do Semiárido, seja com abastecimento hídrico por meio das tecnologias de captação de água de chuva, reutilização das águas ou tratamento total dos esgotos, é um tema presente, contido inclusive na carta da ASA, “Por um Semiárido Vivo!”

Rivaneide Almeida/Acervo Centro Sabiá

Essas experiências vêm avançando para fortalecer, não apenas a convivência com a escassez de água na região, em conjunto com o Programa de Cisternas, mas também, as condições para a agricultura familiar de base agroecológica. O saneamento rural no Semiárido precisa ser visto como uma política pública pelo impacto na saúde das famílias rurais, na produção de alimentos e criação de animais e ampliação e otimização das águas na região semiárida do Brasil, ajudando na recuperação do solo e no reflorestamento das áreas desertificadas da Caatinga.

Com o Reúso de Águas Cinzas na produção de alimentos, nos Sistemas Agroflorestais, e a melhoria da qualidade de vida com o saneamento, às famílias do campo, em especial as agricultoras, vêm conseguindo conciliar produção, criação, promovendo saúde para toda a família e mais autonomia política e financeira para as mulheres.

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Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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