Intercâmbio de vivências para partilha de saberes e sabores a partir dos usos florestais da Caatinga

Tatiane Faustino
Integrante da Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia e Bacharelanda em Agroecologia pela UFRPE

Alunas, alunos, professores e professoras do curso de Bacharelado em Agroecologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco(UFRPE), campus Recife, estiveram conhecendo a experiência da Artesanais Santa Rita no Sítio Santa Rita, zona rural de Triunfo(PE).

Divulgação/CJMA

O curso de agroecologia tem como metodologia a pedagogia da alternância, que garante o tempo de estudo na universidade e o tempo de estudo na comunidade, prioriza a vivência dos estudantes e os intercâmbios para conhecer melhor os territórios. O Sertão do Pajeú entrou na rota em função de ter uma aluna estudante na turma, Tatiane Faustino, jovem da comunidade de Umburanas, município de Afogados da Ingazeira(PE), integrante da Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia(CJMA), assessorada pelo Centro Sabiá.

Nesta visita, podemos escutar a história de Nazilda e Felícia que são mulheres camponesas e Quilombolas. Trouxeram questões fortes que envolvem a sociedade camponesa, principalmente nas questões agrárias. Umas das questões marcantes é sobre o acesso a terra. O sítio que vivem é terra de herdeiros e as mesmas já não conseguem exercer algumas atividades agrícolas por conflitos entre as famílias.

Divulgação/CJMA

Outra questão importante foi sobre as estratégias para continuar vivendo no campo. O beneficiamento da produção das frutas, para fazer fermentados foi à saída. Além de aproveitar as frutas da região, gera renda e segurança alimentar para as duas e para outras famílias da comunidade. Nazilda e Felícia são mãe e filha, produzem e comercializam fermentados artesanais de frutas, cachaças, licores, geléias, doces, café, biscoito, conservas, e artesanatos no seu próprio espaço, Adega Vinho e Prosa.

Os fermentados são a principal produção. Foi desenvolvido a partir de conhecimentos sobre processo de fermentação de bebidas artesanais em uma oficina realizada pelo Centro Sabiá. Hoje é uma produção pioneira no Sertão do Pajeú. Felícia destacou a importância da CJMA e do Sabiá nesse processo da organização da produção e na sua organização enquanto jovem rural.

Com alegria e emoção, Nazilda falou orgulhosa da filha Felícia ser a primeira mulher da família a cursar universidade pública, “esse é um marco, a maioria das mulheres da minha família não tiveram oportunidade de estudar e hoje vejo a minha filha se formando”.

Outro aspecto interessante da Artesanais Santa Rita é a articulação com 11 famílias, que compram as frutas e outras produções, gerando renda para as famílias agricultoras da comunidade e da região do Pajeú. Atualmente a experiência e espaço das duas fazem parte da rota turística do município, recebendo diariamente turistas de vários lugares do Brasil. A vivência possibilitou conhecer a história de Nazilda e Felícia no processo de fermentação e na organização e participação na construção da Agroecologia no território, além de degustar os vinhos, licores, conservas, pães e um delicioso mungunzá (prato típico da região).

Divulgação/CJMA

Para mim esse foi um momento muito importante, pois possibilitou momentos de trocas e vivências entre a universidade e a família, reafirmando o compromisso com a educação. Aprendemos que a organização das famílias do campo é essencial para a convivência com o semiárido, para a construção de uma vida digna para o povo do campo, e principalmente para as mulheres e a juventude.

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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