Semiárido e a luta das mulheres diante das mudanças climáticas

Protagonismo de mulheres quilombolas no Semiárido para garantir direitos e mitigar efeitos da crise do clima

Maria José de Souza Silva
Professora quilombola do Ensino Fundamental – Graduada em Pedagogia, Liderança Comunitária, Agricultora, Mulher Negra Quilombola e ativista dos movimentos sociais

Fábio Erdos/Acervo Centro Sabiá

Como sabemos que a maioria da população do Brasil e do mundo é de mulheres, então nos cabe dizer que sua maioria também é mulheres negros/as quilombolas que ocupam diversos espaços e setores no mercado de trabalho formal e informal incluindo as desempregadas, vivendo de assistências e programas sociais do Governo Federal. As mulheres são as mais afetadas com as desigualdades sociais e mais ainda com o momento de crise sanitária da COVID-19 que o Brasil vem sofrendo, principalmente as mulheres do Semiárido nordestino, que sofre com a falta de emprego e renda, falta de chuvas para suas produções agroecológicas e o consumo humano, muito já foi feito, mas precisamos ampliar as políticas públicas que cheguem nesses grupos de mulheres chefes de famílias, vítimas dos efeitos das desigualdades desse país.

Sabemos dos potenciais feminino quando se trata de cuidar e ser cuidadora da família, muitas vezes esquecendo-se de si para se doar aos cuidados dos seus familiares e empregos em casa de famílias, limpando as vias urbanas, cuidando de seus pequenos negócios, sempre procurando estratégias de sobrevivência para conseguir uma vida melhor. Encontramos várias organizações, grupos, estabelecimentos organizados e gerenciados por mulheres que estão dando certo.

O fortalecimento desses grupos é de suma importância para a sustentabilidade de suas famílias e para o capital de giro local, gerando uma economia local que não é contabilizada nos gráficos governamentais do país, a renda gerada pelas mulheres.

Vale explicitar o contexto onde essas mulheres estão inseridas na sociedade, grau de estudos e formas de vida, que continuam a realizar suas atividades para reafirmar sua presença e as diversas formas de trabalho. São mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres agricultoras, ribeirinhas, quilombolas e tantas, que fazem esses pais acontecer com suas contribuições. Falar das mulheres nesse território requer um olhar especial, pois estamos falando de uma diversidade de mulheres que compõem um território castigado por diversas ações climáticas que as fazem ser diferentes com direitos iguais.

As mulheres quilombolas do semiárido em específico tendem a enfrentar com mais dificuldades as relações climáticas, causando um impacto muito grande na sua vida. No enfrentamento às secas, a falta de água, que mesmo com a construção de cisternas de placas, essa demanda ainda é muito forte no Sertão nordestino. Necessitando a continuidade dessa política pública para atender as novas famílias que irão se constituindo ao longo dos anos. Este programa pela sua importância para o Semiárido, deve voltar a ser uma política de estado, para que cada família tenha seu direito garantido por lei.

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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