É no Semiárido que a Vida Pulsa, e no Semiárido que as Juventudes Resistem!
Tatiane Faustino
Camponesa, Bacharelanda em Agroecologia e integrante da Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia.
Nos dias 18 a 20 de outubro, a Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia de Pernambuco (CJMA) realizou o recebimento do Intercâmbio de Saberes nos Semiáridos da América Latina em Caruaru-PE. O evento contou com a participação de 34 jovens agricultores/as, técnicos/as e representantes de três comunidades rurais do Agreste Central e Setentrional de Pernambuco.
O intercâmbio foi fruto de uma parceria entre o DAKI, CJMA, Centro Sabiá e as comunidades visitadas. O Daki é um projeto que visa contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas por meio de processos de sistematização, formação e intercâmbio entre jovens de três regiões semiáridas da América Latina: Corredor Seco Centro-americano, Grande Chaco Americano e o Semiárido brasileiro. A vivência foi apoiada pelo FIDA e realizada em colaboração com duas redes de organizações da sociedade civil atuantes nessas regiões: a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Plataforma Semiáridos da América Latina.
Durante o intercâmbio, a CJMA acolheu as juventudes com alegria, compartilhando saberes, sementes, sabores e muita cultura. Os participantes representavam estados como Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Maranhão, Ceará, Piauí, Bahia, Rio Grande do Norte e três países da América Latina: Guatemala, El Salvador e Argentina.
No dia 19/10, foram visitadas três experiências agroecológicas protagonizadas por jovens. Larissa Silva, do Sítio Vermelho (Vertente do Lério-PE), Josilma Bertino, Tatiane Faustino e Gildo José, do Sítio Sobrado (Jataúba-PE), e Mônica Silva, do Sítio Jurema de Cumaru-PE, compartilharam suas histórias e vivências em seus agroecossistemas e territórios.
Na visita ao Sítio Sobrado, foram conhecidas as práticas de preservação do Bioma Caatinga e a recuperação de nascentes por meio de sistemas agroflorestais irrigados com água cinza tratada pela tecnologia RAC/SAF. Já na experiência de Tati e Gildo, foram apresentadas estratégias para comercialização de alimentos, acesso a créditos solidários, tecnologias de convivência com o semiárido brasileiro, e a produção de mudas de frutíferas, plantas nativas, ornamentais e medicinais.
Na visita à experiência de Mônica, o grupo conheceu subsistemas como o Agroflorestal, banco de plantas forrageiras para alimentação animal, RAC/SAF, biodigestor, instalações para criação animal, plantio de hortaliças, tecnologias de armazenamento de água e o banco de sementes da família.
Já na experiência de Larissa, foram destacadas a criação animal, práticas solidárias e tecnologias de convivência com o semiárido, apresentando instalações para criação de porcos, cabras, galinhas, guinés, peru e vacas, além de compartilhar práticas de plantio de mudas e mudas de palma.
Após as visitas, foi realizada uma roda de partilhas sobre os sentimentos e aprendizados das juventudes dos semiáridos, considerando o que mais encantou e chamou a atenção.
No último dia do intercâmbio, as juventudes escreveram uma Carta Política e avaliaram a II Caravana das Juventudes da América Latina nos estados de Pernambuco e Paraíba. O intercâmbio foi encerrado com uma Mística de envio, celebrando as juventudes do semiárido.
A experiência do intercâmbio inspira a construção do semiárido com e para as juventudes, por meio de uma visão contextualizada e sistêmica. As experiências visitadas inspiram práticas alternativas Agroecológicas de Convivência com o Semiárido, baseadas nos saberes e na organização das juventudes da CJMA. Elas também evidenciam que as juventudes vêm construindo, praticando e compartilhando saberes sobre agriculturas resilientes às mudanças climáticas.
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