Nordeste: muito mais que estereótipos , berço de grandes personalidades
Dia 08 de outubro é o dia da nordestina e do nordestino
Maria Menezes,
Estagiária de Comunicação do Centro Sabiá
Feliz dia do nosso povo! A data é em homenagem a Patativa do Assaré, grande poeta brasileiro, natural do Ceará. Patativa nasceu em uma família agricultora, na cidade de Assaré. E essa agricultura familiar, na qual Patativa nasceu, garante a segurança alimentar de muitas pessoas não só no Nordeste, mas no Brasil inteiro. É no território nordestino que se concentra aproximadamente 50% dos estabelecimentos de agricultura familiar do país, segundo dados da Agência Prodetec.
Poeta popular, musicista, compositor e improvisador. Patativa começou sua carreira em um programa de rádio, onde declamava seus poemas. Após ter “sido notado” por José Arraes de Alencar, recebeu apoio para o seu primeiro livro. Ficou conhecido nacionalmente pelos seus poemas, mas mesmo assim nunca deixou de ser agricultor e sempre deixou claro que não procurava a fama. Continuou morando no Ceará durante toda sua vida, até o ano do seu falecimento, 2002.
O homenageado é apenas uma das centenas de pessoas nordestinas que transformaram o cenário de arte, cultura e educação no Brasil. E é assim que devemos comemorar esse dia: relembrando a força, inteligência e poesia das nordestinas e dos nordestinos. Relembre algumas personalidades:
Dandara
Como não falar de uma guerreira pernambucana? Dandara não era apenas esposa de Zumbi dos Palmares. Dominava as técnicas da capoeira, liderava homens e mulheres e lutou até o fim da sua vida pela libertação total da população negra. Dandara era responsável pelos serviços domésticos, mas também plantava e trabalhava na produção da farinha de mandioca. Ela fez parte do movimento que desafiou o sistema colonial escravista e participava da elaboração de estratégias do maior quilombo das Américas: o quilombo de Palmares. Se suicidou em 1694, quando foi presa. Preferiu a morte do que ser escravizada novamente.
Paulo Freire
O patrono da educação brasileira! Paulo desenvolveu um método de alfabetização que é estudado em diversos países do mundo. Nascido em Recife, Pernambuco, se formou pela Faculdade de Direito do Recife, estudou filosofia e língua portuguesa, seguindo sua vida profissional como educador. Ele era atento às questões sociais que o nordeste possuía e uma de suas preocupações era o grande índice analfabetismo, assim, criou uma forma única de ensinar, que foi capaz de alfabetizar 300 adultos, trabalhadores rurais que não tinham acesso à educação, em 45 dias. Ganhou prêmio de Educação para a Paz da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (UNESCO) em 1986.
Vanete almeida
Vanete Almeida é uma das fundadoras do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Pernambuco(MMTR-PE). Se tornou referência nacional do feminismo do campo e educadora popular. Nascida em Custódia, no sertão Pernambucano, ela foi agricultora familiar e defendeu durante toda a sua vida a criação de políticas públicas voltadas paras as mulheres que trabalham no campo e de vida digna em convivência com o Semiárido. Atuou no Conselho Nacional de Políticas para Mulheres de 1996 a 2003 e em 2005, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Vanete faleceu em 2012, deixando saudade e um legado de empoderamento para as mulheres do campo.
Josué de Castro
Josué de Castro é o pesquisador que mais se debruçou sobre o tema da fome no Brasil. Pernambucano, se formou em medicina e escreveu “Geografia da fome” e “Geopolítica da fome”, estudos que foram reconhecidos mundialmente. Se tornou presidente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura Castro e visitou diversos países para estudar o tema da alimentação e nutrição. Ele alertou em seu primeiro livro que a fome não era um problema natural, pelo contrário, era produto de problemas sociais estruturais. Se tornou deputado federal por Pernambuco, mas foi exilado no período da ditadura militar. Morou em Paris até seu falecimento, em 1974.
Conheça a campanha #MeuPaísSemFome.
Rachel de Queiroz
Rachel nasceu em Fortaleza, no Ceará. Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Rachel de Queiroz traduziu para o português mais de quarenta obras. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura do Ceará. Participou da 21.ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem.
Essas são apenas algumas pessoas das milhares que fazem do nordeste um lugar de gente inteligente e muito resiliente. Não nos resumimos a estereótipos que não representam a nossa diversidade. Após o primeiro turno das eleições, o Nordeste tem sido atacado por acreditar em um projeto real de democracia. Xenofóbico aqui não se cria e fascismo muito menos!
Nós dizemos não ao estereótipo do nordeste da seca, e sim ao verdadeiro Nordeste, onde a vida pulsa!
Feliz dia da nordestina e do nordestino!
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