Tecnologia de Saneamento Básico RuralBET (Bacia de Evapotranspiração)

Foto: Riva Almeida

Por: Nicleia Nogueira, técnica e assistente social do Centro Sabiá, e Daniela Brás, jovem camponesa integrante do grupo gestor da CJMA (Comissão de Jovens Multiplicadoras (es) da Agroecologia.

O déficit das ações de saneamento ambiental no meio rural brasileiro ainda é elevado. Muitas políticas públicas e o modelo institucional da área de saneamento básico não contemplam a população residente no meio rural nem as famílias que vivem nas periferias das cidades. Nesse sentido o Centro Sabiá em parceria com o Caatinga, através do PROJETO TERRA DE VIDAS:” Sistemas Agroflorestais e de Reuso de Água Cinza para Conviver com o Semiárido e enfrentar as Mudanças do Clima”, constroem novas tecnologias de saneamento, para além dos 100 RACs (Reuso de Águas Cinzas) que iniciou em 2017, foram construídas esse ano 10 BETs tecnologia Bacia de Evapotranspiração, sendo 5 no Sertão do Araripe e 5 no Sertão do Pajeú.

Para construir essas tecnologias, técnicos, pedreiros e agricultores foram conhecer as experiências do IRPAA Semiárido em Juazeiro/BA, essa organização vem desenvolvendo e experimentando várias tecnologias, incluindo a BET (Bacia de Evapotranspiração) que é conhecida popularmente como “fossa de bananeiras”, é um sistema fechado de tratamento de água dos vasos sanitários. Este sistema não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas superficiais e do lençol freático. Nele os resíduos humanos são transformados em nutrientes para plantas e a água só sai por evaporação, portanto completamente limpa.

Segue o depoimento de duas mulheres que foram contempladas com esse sistema, vale salientar que ambas também possuem o RAC SAF, de reuso de aguas cinzas, que ajuda bastante no período de seca aqui no sertão de Pernambuco. “Esse sistema é importante, pois não contamina mais a natureza, essa é a maior importância que eu achei para nós brasileiros e agricultores. Saber que essa água não tá mais sendo espalhada na natureza, além disso, vem o fruto, vem à banana, vem à melancia, o que a gente plantar vai trazer o fruto. Então é uma coisa rica que não tá contaminando a nossa natureza e ainda traz muitos outros benefícios, espero que no futuro haja para todos, para que essas águas não venham mais poluir a nossa natureza e servindo para uma fonte de alimento mais saudável.” (Maria Gerlande Romão de Medeiros, agricultora e moradora do Sitio Lagoa da Favela, situado na zona rural de Flores, Sertão do Pajeú)

“A fossa ecológica é de grande importância, quem ganhou ela está muito satisfeito, eu não sabia que existia esse reaproveitamento de dejetos, estou muito feliz, pois uma coisa que era jogada fora, ser reaproveitada, eu acho que é de grande valor, além da bananeira eu já plantei feijão de porco e pepino, agora é esperar o resultado. Digo que pra quem acha que vai perder aquela parte de terreno, não perde não, muita coisa pode ser produzida ali, perde quem não abraça uma iniciativa dessa.” (Deasolange Romão da Silva, agricultora e moradora do Sitio Poço Grande, situado na zona rural de Flores, Sertão do Pajeú)

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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