Juventude camponesa grita por direitos e constrói o campo que deseja
Juventude camponesa presente no 5º Grito da Terra Pernambuco. Foto: Sara Brito/Centro Sabiá
Por Aline Anisia de Lima, jovem da Comunidade Baixio, em Santa Maria do Cambucá/PE (Comissão Territorial de Jovens Multiplicadores/as de Agroecologia do Agreste)
No dia 21 maio, foi realizado, no Recife, o 5º Grito da Terra Pernambuco, onde se reuniram mais de cinco mil agricultores e agricultoras de todo estado para reivindicar direitos a terra, políticas públicas e cidadania ao homem e à mulher do campo. Dentre o público presente também estavam os jovens agricultores e agricultoras lutando juntos, gritando por mais terra pra trabalhar, por políticas públicas e por democracia.
Lutando para o nosso o Brasil melhorar e para o nosso estado melhorar com base na agricultura familiar sustentável sem uso de defensivos químicos, sem o uso de agrótoxicos e nem de adubos químicos em suas propriedades e plantações. Lutando junto aos jovens por mais projetos para a juventude no campo, para melhoria na vida e investimentos para permanência dos jovens no campo, pois é o local onde eles nasceram e querem permanecer, viver, construir sua base, sua família, sua fonte de renda. Mas pra isso o nosso governo precisa ter um olhar mais profundo para os nossos jovens na agricultura familiar. O nosso governo precisa manter e os jovens no campo pois sua permanência no campo é muito importante para o nosso futuro e de nosso país e estado, pois nossas gerações vão se passando e precisamos seguir os caminhos de nossos pais, avós, nossas gerações passadas e dar continuidade ao que eles começaram.
A importância dos jovens na agricultura é muito grande, assim como a inovação e novas ideias planos de projetos pra permanência dos jovens no campo para que não vão para as grandes cidades morar nas grandes periferias e favelas, vivendo de humilhação da sociedade e de moradias desumanas, além da violência que é muito grande nesses lugares. Os jovens hoje estão mais conscientes dos direitos e deveres também. E é claro que estamos procurando os nossos direitos e lutando para que eles sejam executados de forma limpa, clara e objetiva. O jovens agricultores/as pedem mais direitos para a juventude do campo e oportunidades de fazer e também de criar projetos inovadores que chamem a atenção do povo brasileiro e crie a curiosidade em outros jovens acerca de outros projetos, a se envolver com quem já atuam no meio.
A importância dos jovens no meio rural, na agricultura familiar é uma peça chave que não pode faltar nunca. Tem que inovar mais e sempre, com mais jovens no campo. Hoje gritamos e lutamos por mais direitos, mas na verdade a gente tem todo o direito de estar se manifestando e lutando pra que eles sejam devidamente conquistados pelos jovens.
Hoje a gente grita, clama e luta pela defesa da democracia e respeito ao voto popular, como foi durante as eleições de 2014; por uma reforma política porque o nosso atual sistema político, que permite o financiamento privado das campanhas eleitorais, entre outras questões, amplia os processos de corrupção, envergonhado a nossa gente que tem pago um alto preço.
Lutamos pela reforma agrária, para combater a histórica concentração de terras que enriquece os grandes latifúndios e deixa o nosso povo sem chão para viver e produzir alimentos saudáveis para a população do campo e das cidades; pela valorização da agroecologia e das sementes crioulas na agricultura familiar, para a produção de alimentos saudáveis para a população do campo e da cidade, livres de agrotóxicos e de transgênicos; pela não a redução de maior idade penal, pois os jovens não podem pagar pela ausência de políticas públicas e sociais que conduzem à criminalidade. Não será a condenação de meninos e meninas a viverem em presídios, em condições sub-humanas, que reduziria a violência.
Defendemos, ainda, a reforma do judiciário que está a serviço da elite e não da justiça social, a reforma tributária e taxação das grandes fortunas, a ampliação e não redução dos direitos trabalhistas, pois não podemos permitir que os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade sejam responsabilizados pela crise. Queremos a democratização dos meios de comunicação, para que os grandes empresários parem de manipular as notícias veiculadas diariamente, desrespeitando o nosso direito de expressão, de acesso à informação. Por tudo isso e muito mais nós, jovens agricultores e agricultoras do campo, lutamos!!
Que bom ter você por aqui…
Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.