Efeitos da Desertificação no Semiárido

Rivaneide Ligia Almeida Matias
Técnica territorial do Sertão do Pajeú do Centro Sabiá

João Roberto Ripper / Acervo Centro Sabiá

Desertificação, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), “é a degradação da terra em regiões áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo variações climáticas e atividades humanas”. Logo, no Brasil, os processos de desertificação acontecem na região semiárida, presente nos nove estados do Nordeste, mais uma parte do estado de Minas Gerais. A desertificação provoca desgaste do solo, da água e empobrecimento das populações do Semiárido.

A Caatinga, floresta do Semiárido, precisa existir para termos água e alimentos, para garantia da vida nessa região. Sem esse bioma vivo, fica impossível a permanência das populações nesse lugar. As organizações, junto com os povos do Semiárido têm demonstrado que é possível conviver com esse ambiente, a partir de práticas agroecológicas, produzindo de forma biodiversa, preservando nascentes, rios e riachos.

Pernambuco apresenta 80% da sua superfície caracterizada como semiárido. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado (SEMAS), 123 municípios do Agreste e Sertão e dois da Zona da Mata estão incluídos na lista das áreas susceptíveis à desertificação, carecendo de atenção especial e políticas públicas específicas de combate e mitigação a essa ameaça invisível.

Podemos considerar um avanço muito grande a existência de uma Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Concluída em 2010, foi uma conquista, porém poucas ações práticas e garantia de orçamento aconteceram até os dias de hoje. “E não é possível a concretização de ações sem o triângulo Política Pública – Orçamento – Gestão”, parafraseando o companheiro de militância Alexandre Pires.

Organizações populares do Semiárido de Pernambuco, junto com as populações locais articuladas, vêm desenvolvendo experiências de convivência com essa realidade climática, com a ampliação da resiliência das pessoas. O cultivo de alimentos em agroflorestas e a construção de cisternas, são alguns exemplos reais de se fazer o enfrentamento da desertificação e promover melhor qualidade de vida.

O ano de 2022 será decisivo para decidirmos nossos destinos por meio do voto. Nesse momento, precisamos eleger representantes que defendam as causas populares, entre elas a concretização de políticas para garantir a vida no Semiárido, enxergando a desertificação enquanto um desafio real a ser enfrentado. Portanto, abra o olho e vote em quem defende a Caatinga, a Agroecologia e a vida no Semiárido.

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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